Perder um ente querido, apesar de natural, é um processo doloroso e que leva um tempo para ser assimilado e para que a vida retorne ao seu curso normal. A morte por suicídio é ainda mais difícil de aceitar e entender.
Quem sofre este tipo de perda é invadido por uma série de sentimentos como culpa, arrependimento, vergonha e pela constante dúvida sobre o motivo deste ato tão triste. Neste caso, como refletir e superar a perda?
Consequências do suicídio para quem fica
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada suicídio que acontece, de cinco a dez pessoas sofrem as consequências psicológicas, emocionais e até econômicas em decorrência do fato.
O suicídio, na maioria das vezes, transforma o modo como a pessoa que cometeu o ato é vista. Quem antes era exemplo de herói, agora passa a ser aquele “que se matou”.
O impacto causado traz uma série de sentimentos contraditórios, além de grande dor. Raiva, culpa e uma infindável lista de perguntas não respondidas passam a tomar conta dos sentimentos e pensamentos do enlutado.
As consequências do suicídio são avassaladoras para quem é impactado por este tipo de morte e, isto determina uma forma toda especial de como tratar do processo de luto diante do suicídio de um ente querido.
Como refletir e superar a perda?
Difícil seguir em frente após uma perda tão brutal e da série de conflitos que ela traz para quem fica. Um misto de sentimentos, muito além da dor da perda, invade familiares e pessoas próximas. É preciso saber como lidar com estes sentimentos e superar a perda.
Culpa
Como já dissemos, a perda de um ente querido por si só é difícil de lidar. Quando a morte é por suicídio torna-se ainda mais complicado. Um dos primeiros sentimentos que atinge as pessoas mais próximas é a culpa diante de uma situação mal resolvida.
É necessário que as pessoas próximas entendam e se convençam de que a responsabilidade pelo ato não partiu delas. Quem comete suicídio normalmente é levado por um conjunto de várias situações difíceis e pela fragilidade psicológica e emocional.
Dúvidas
A sensação gerada pelo suicídio é de que a vida não voltará mais ao normal. São tantas perguntas que surgem, muitas vezes sem respostas. A necessidade de saber o máximo possível é normal e saudável.
Buscar um sentido é importante, pois nesta busca por respostas, boas lembranças serão restauradas, mantendo na lembrança momentos vividos com a pessoa amada. E até restaurando mágoas que possam ter surgido em decorrência do suicídio.
Prevenção
Saber lidar com o luto diante do suicídio pode ser uma forma de prevenção para que o ato não influencie os familiares. Crianças, adolescentes e jovens são mais suscetíveis às consequências causadas pelo suicídio de alguém próximo. Acolher e saber como lidar com esse luto é uma forma de prevenção.
Acolhimento
Sentimentos de medo, mágoa e dúvidas em decorrência do suicídio podem levar os envolvidos ao isolamento e a uma postura negativa diante da vida. O acolhimento é fundamental neste momento. Não apenas estar envolvido por outras pessoas, mas saber como acolher a dor.
Quem acolhe deve tomar cuidado com a forma de conduzir o diálogo e as perguntas. O ideal é estar mais disposto para ouvir do que para falar.
A participação em grupos de apoio formados por pessoas que passaram pela mesma experiência pode auxiliar e muito na aceitação da dor e no acolhimento. Uma vez que a pessoa passa a ver que ela não é a única a viver tal situação, ela tende a aceitar melhor toda a situação.
É importante que o processo de luto seja vivenciado em todas as suas etapas. Embora nos casos de suicídio seja mais difícil neutralizar a morte, é necessário permitir o sentimento da dor, falar sobre ele. Isso faz com que, depois de um tempo, a vida siga seu rumo. E restem apenas lembranças e a saudade.
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