Embora seja um fato em nossa vida, geralmente não gostamos de falar sobre a morte. Esse não é um assunto que faça parte das conversas no cotidiano.
Quando a dor é vivenciada devido a uma perda na família, o tema pode se tornar ainda mais difícil de ser compartilhado. Porém, no processo de luto, devemos reconhecer a importância de falar sobre as perdas. Isso pode tornar a assimilação e a aceitação do fato um pouco mais leves.
Perda na família: fatores que envolvem o luto
A intensidade do sofrimento após uma perda na família ou mesmo de um amigo querido é influenciada por fatores como:
Relação de parentesco com quem faleceu:
As reações à morte de um familiar dependem do grau de parentesco e da faixa etária de quem passa pelo processo de luto.
Por exemplo, para uma criança vivenciar a morte dos pais vai depender muito da idade em que ela se encontra quando o fato ocorrer.
Já quando um bebê perde a mãe, embora muitos pensem que ele não sofre, ele se sente completamente perdido. Isto porque era totalmente dependente dela. Ele não entenderá porque a mãe se afastou e se sentirá abandonado.
Já a morte do cônjuge pode levar a desestruturação familiar, caso não haja ajuda mútua dos familiares para suportar e superar a perda e a saudade.
Pais que perdem um filho sofrem uma dor sem medidas. Afinal, o fato parece contrariar as leis naturais do ciclo da vida, onde os filhos devem sobreviver aos pais.
No caso de perdas por aborto, deficiências congênitas ou natimorto, a mãe precisa elaborar bem o processo de luto, para que não fique com o sentimento de culpa ou imaginando como seria a vida do filho.
No caso de natimorto, é importante que a mãe possa ter contato com o filho e passar por um momento de despedida.
A perda dos avós, pode ser considerada um processo natural diante da evolução da espécie. Porém, dependendo da influência exercida sobre a família, pode desestruturá-la por tratar-se da perda do “chefe do clã”.
Condições da morte e crenças familiares:
Mortes inesperadas, como um acidente ou morte súbita, podem causar um choque maior pelo fato de impossibilitar a despedida dos familiares. E a organização de questões de ordem financeira, relacionamento e burocráticas geralmente geram bastante dificuldade à família.
A morte por suicídio é uma das mais difíceis de ser aceita, pois gera um misto de sentimentos como culpa, raiva, dúvida e remorso. A família se sente impotente por não ter evitado a fatalidade.
Já no casos de mortes em decorrência de doença, muitas vezes a perda é assimilada durante o tempo em que a pessoa se encontra convalescendo. E o sofrimento durante esse período acaba por amenizar a perda e tornar o luto mais aceitável.
A forma como familiares se relacionam com a morte, a crença na continuidade da vida após a morte ou a visão da morte como a passagem para uma esfera melhor influenciam a maneira de atravessar o período de luto.
Importância de falar sobre essas perdas
Levando em consideração os fatores mencionados acima, todos em certo grau exigem a passagem pelo processo de luto. É fundamental que o familiar atravesse todas as etapas para que possa superar a dor e seguir a vida, guardando lembranças e saudade.
Principalmente quando há perda na família, o ideal é expor os sentimentos, falar sobre a dor, conversar com pessoas próximas, sejam da família ou amigos. Somente assim, a dor pode ser trabalhada e curada, evitando consequências psicológicas ou afetando o relacionamento familiar.
A presença de bons amigos e a união familiar, a conversa sobre o que aconteceu, o que levou à morte e como superá-la auxiliam muito na reestruturação da família, na cura das feridas e no controle emocional após a perda de alguém querido.
Se este texto ajudou a entender um pouco mais sobre a importância de falar sobre as perdas, compartilhe com seus amigos e familiares.