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Empatia e luto: como ser acolhedor

Um dia todo mundo terá de lidar com o luto, seja pela perda de algum ente querido da família ou de alguém próximo que tocou a sua vida, como um amigo. Ser acolhido nessa hora e contar com a empatia das pessoas ajuda a nos fortalecer nesse momento tão difícil.

Afinal, o que mais queremos é ter um ombro para encostar, braços para abraçar e ouvidos que escutem o que temos a dizer. É uma fase em que não sabemos direito como lidar com a emoção da perda. Por isso, quando encontramos pessoas que se colocam em nosso lugar, compreendem as nossas dores, ficamos mais à vontade e nos sentimos acolhidos.

Empatia é exatamente isso: é a habilidade de nos colocar na posição de outra pessoa, entendendo seus sentimentos, desejos e ideias. Quando temos empatia por alguém não julgamos suas emoções e seus comportamentos, mas sim compreendemos a situação pela qual a pessoa está passando.

É muito comum ouvirmos de uma pessoa que perdeu alguém querido, a seguinte frase: “Ainda não caiu a ficha”. Ou seja, a pessoa ainda não aceitou a realidade da perda. Para entender melhor o processo do luto, vamos explicar as fases que fazem parte desse período.

As 5 fases do luto: veja o que normalmente ocorre em cada uma delas

1. Negação

Temos a sensação de que a morte não aconteceu. Vai levar um tempo para aceitarmos a morte. Nesta fase, ficamos meio “anestesiados”. Por isso, são importantes as cerimônias de despedida, como velório, enterro ou cremação, missa, entre outros. São rituais que simbolizam o fim de uma etapa, de uma convivência com a pessoa querida e que ajudam a elaborar a partida.

2. Raiva

A dor do luto precisa ser reconhecida e elaborada. Se assim não for, ela se manifestará por meio de alguns sintomas, ou seja, alteração na saúde física e emocional. Sentimentos de raiva, angústia, desespero, medo, culpa e frustração se manifestam constantemente.

Muitas pessoas evitam falar de quem partiu, aderindo comportamentos autodestrutivos. No entanto, viver o luto não é esquecer o ente querido, mas ajustar-se à rotina sem a presença física da pessoa amada que morreu.

3. Barganha ou negociação

A pessoa enlutada busca no desespero uma forma de aliviar a sua dor. Tenta negociar consigo mesma ou com a entidade superior, fazendo inúmeros questionamentos, como “e se eu tivesse feito isso” ou de “se eu fizer tal coisa”.

4. Depressão

É muito comum o sentimento de dor e tristeza se prolongar por semanas ou meses. E tornar-se uma depressão. Isso geralmente pode ser observado quando a pessoa enlutada chora muito, isola-se de familiares e amigos, tem crises de saudade e não consegue retomar à vida normal da mesma maneira que antes.

Nesta fase, o enlutado precisa de muito apoio das pessoas próximas e até mesmo de um acompanhamento psicológico. Lembre-se de que uma pessoa em situação de luto poderá se sentir sem direção e deixar de lado suas crenças e seus valores.

5. Aceitação

Nesta fase, a pessoa já consegue reposicionar suas emoções e seguir adiante mesmo com as mudanças de rotina. O enlutado percebe que há espaço para outras pessoas queridas em sua vida e que existem muitas ao seu redor.

Você não esquece quem partiu, mas continua a viver da melhor forma no mundo. Quando a pessoa aceita a realidade conseguirá falar de sua perda com mais tranquilidade, com menos dor, culpa e desespero.

Esta é, sem dúvida, a mais difícil. Quando a pessoa enlutada retoma as suas atividades cotidianas, ela já não será a mesma. Terá de se reestruturar e se moldar à nova realidade.

No entanto, ela não deixa de vivenciar a perda. A dor se transforma em saudade, mas às vezes o sentimento de tristeza pela falta pode estar ainda muito presente em diversos momentos.

Exerça sua empatia com quem está de luto

Sabemos que o luto é um processo natural que algumas pessoas têm mais facilidade de vivenciar, outras não. Por isso, é fundamental apoiar as pessoas enlutadas que fazem parte de sua rede de relacionamento. Para que sua ajuda possa ser produtiva, elaboramos algumas dicas:

  • O luto é um período muito individual, portanto cada pessoa tem sua maneira peculiar de sofrer por alguém querido que já partiu. Enquanto uns querem conversar, outros preferem se isolar. Portanto, tenha uma mente aberta sobre esse processo e deixe que ele flua naturalmente.
  • Faça uma visita à pessoa enlutada, mesmo que ela queira ficar sozinha. É legal que ela saiba que pode contar com você. Uma visita pode fazer uma enorme diferença e reanimar quem está sofrendo. Escute, sem julgar e deixe que ela processe a dor. Perceba, também, os momentos de deixar a outra pessoa sozinha, se for isso que ela desejar.
  • Evite aquelas frases-clichês, como: “Como foi o seu dia?”, “Não chore, não”, “Foi melhor assim, ele estava sofrendo muito”, “Isso acontece com todos nós”, entre outras.
  • Se for preciso, ajude a pessoa ou os familiares nos processos burocráticos, como plano funerário ou assistência funeral. Ou, então, ofereça ajuda em outras ações práticas, como fazer supermercado para o enlutado, cuidar das crianças, preparar as refeições, entre outras iniciativas.
  • Não compare sua dor com a da outra pessoa. Muitas vezes, na tentativa de sermos empáticos, deixamos de ouvir o que a outra pessoa tem a nos dizer, e só falamos sobre a nossa própria dor. Lembre-se: nenhum luto é igual ao outro! Por isso, deixe a pessoa falar sobre seu luto, ouça com atenção e não faça comparativos com a sua própria história.
  • Não diga à pessoa enlutada o que ela precisa fazer. Respeite o tempo dela pra que viva o processo. Evite conselhos como “você precisa voltar a trabalhar”, “procure sair de casa” etc. O enlutado precisa viver seu momento e ele mesmo deve decidir o que fazer.
  • Não julgue os sentimentos de quem está de luto. Como já falamos: cada um age de uma forma e encaram a dor de um jeito específico. Cada pessoa vai viver uma experiência diferente de luto. E não há um prazo determinado, certo ou errado.

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